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Para Ler e ....

Segunda-feira, 12.03.07
Alguns de Vocês já conhecem este texto,  mas vale a pena ler...
Entrei apressado e com muita fome no restaurante.
Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
 
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
 
Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:

- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
 
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail.
 
Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas. Ah!
 
Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos
 
- Senhor, peça para colocar manteiga ou queijo.
 
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
 
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar.
 
Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora.
O peso na consciência, impedem-me de o dizer.
Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
 
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses);
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco
vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
 
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
 
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
- Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir as lágrimas caíssem sobre o teclado.
Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado senhor, você é muito simpático!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que
não percebemos!
Cumprimentos
Fernanda

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por Escola Qtª Morgados às 11:58

Para Tirar Duvidas Sobre Orgãos de Gestão e De Administração

Domingo, 11.03.07
 
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica B1/JI – Quinta dos Morgados – Fernão Ferro
Por vezes é dificil entender quais as funções que desempanham cada orgão, por issi aqui está alguma ajuda.
Cumprimentos
Fernanda
 
 
 
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO E DELEGADOS DE TURMA
 
 
Órgãos de Administração e Gestão de Escola
 
  • Assembleia de Escola
 
Órgão responsável pele definição das linhas orientadoras da actividade da escola
 
  • Conselho Executivo ou Director
 
Órgão de administração nas áreas pedagógica, cultural, administrativa e financeira.
 
  • Conselho Pedagógico
 
Órgão de coordenação e orientação educativa da escola, nomeadamente nos domínios pedagógico-didácticos, da orientação dos alunos.
 
  • Conselho Administrativo
 
Órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira.
 
 
Administração e gestão das escolas
 
 
Documentos fundamentais da autonomia da escola
 
  • Projecto Educativo
 
Documento que consagra a orientação educativa, elaborado e aprovado para um horizonte de três anos, no qual se explicam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa.
 
 
  • Regulamento Interno
 
Documento que define, o regime de funcionamento da escola, de cada um dos seus órgãos, das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo, bem como os direitos e deveres dos membros da comunidade educativa.
 
  • Plano de actividades
 
Documento de planeamento elaborado e aprovado pelos órgãos de administração e gestão da escola que define, em função do projecto educativo, os objectivos, as formas de organização e de programação das actividades, e que procede a identificação dos recursos envolvidos.
 
 
 
PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
 
 
O direito de participação dos pais na vida da escola processa-se de acordo com o disposto na lei 372/90 e 80/99, e concretiza-se através da organização e da colaboração em iniciativas visando a promoção da melhoria da qualidade e da humanização das escolas, em acções motivadoras de aprendizagens e da assiduidade dos alunos e em projectos de desenvolvimento sócio-educativo da escola.
 
  • DIREITOS
 
- Participar na escola e nas actividades da associação de pais.
 
- Informar-se, ser informado e informar a comunidade educativa sobre todas as matérias relevantes no processo educativo do seu educando.
 
- Comparecer na escola por sua iniciativa e quando para tal for solicitado.
 
- Colaborar com os professores no âmbito do ensino – aprendizagem do seu educando.
- Ser convocado para reuniões com o director de turma e ter conhecimento da hora semanal de atendimento.
 
- Ser informado do aproveitamento e do comportamento do seu educando, no final de cada período escolar e em todas as situações que se justifique.
  
 
- Participar, a titulo consultivo, no processo de avaliação do seu educando sempre que as estruturas de orientação educativa o considerem necessário e no cumprimento do estabelecido legalmente e do estabelecido neste regulamento.
 
- Eleger e ser eleito representante nos órgãos da escola de acordo com a lei em vigor, bem como participar como representante da turma na eleição do conselho executivo da Escola ou agrupamento.
 
- Conhecer o regulamento interno.
 
- Participar na definição dos períodos em que os encarregados de educação e ou os seus representantes participam na vida da escola.
 
- Solicitar ao conselho executivo, no prazo de 3 dias úteis a contar da data de entrega das fichas de avaliação no 1º Ciclo ou da afixação das pautas nos 2º e 3º ciclos, a reapreciação do conselho de turma decorrentes da avaliação do seu educando.
 
- Interpor recurso para o Director Regional de Educação, no prazo de 5 dias úteis após a recepção da resposta ao pedido de reapreciação de avaliação do seu educando.
 
 
  • DEVERES
 
- Informar-se sobre as matérias relevantes do processo educativo do seu educando.
 
- Colaborar com os professores quando tal trabalho for solicitado.
 
- Colaborar com os professores no âmbito do processo de ensino-aprendizagem do seu educando.
 
- Articular a educação na família com o trabalho escolar.
 
-Cooperar com todos os elementos da comunidade educativa no desenvolvimento de uma cultura de cidadania, nomeadamente através da promoção de regras de convivência na escola e participação em actividades conjuntas,
 
- Responsabilizar-se pelo cumprimento do dever de assiduidade do seu educando.
 
- Participar nas reuniões convocadas pelos órgãos de administração e gestão e pelas estruturas de orientação educativa, bem como pela associação de pais e encarregados de educação.
 
- Conhecer o regulamento interno.
 
- Assumir a responsabilidade dos danos materiais causados pelo seu educando, quando não cobertos pelo seguro escolar.
 
- Participar no processo de avaliação do seu educando.
 
- Dar parecer quando à retenção do educando no mesmo ciclo.
 
- Receber o dossier individual do aluno no termo do 3º Ciclo.
- Ter acesso ao Dossier individual do aluno, através do director de turma ou do professor titular de turma.
 
- Eleger o representante dos pais e encarregados de educação em cada turma para as funções que lhe competirem.
 
 
 
CONSELHOS DE TURMA
 
  • COMPETÊNCIAS
 
Analisar a situação da turma e identificar características especificas dos alunos a ter em conta no seu processo de ensino e aprendizagem;
 
Identificar diferentes ritmos de aprendizagem e necessidades educativas especiais dos alunos, garantindo, nos casos que o justifiquem, a indispensável articulação com os serviços especializados de apoio educativo, por forma a criar condições para a sua superação;
 
Planificar as aprendizagens não realizadas pelos alunos em situações de retenção, (nos 2º e 3º ciclos), as quais devem ser tomadas em consideração na elaboração do projecto curricular da turma;
 
Planificar o desenvolvimento das áreas curriculares não disciplinares (estudo acompanhado, formação cívica e área de projecto) bem como delinear actividades de complemento ao currículo proposto;
 
 Elaborar, aprovar e avaliar um projecto curricular de turma adaptando ao contexto da turma e de cada aluno as linhas orientadoras do currículo nacional, definindo prioridades, níveis de aprofundamento e sequências adequadas;
 
Nos 2º e 3ª ciclos de ensino básico, identificar as áreas curriculares responsáveis pela concretização de cada uma das competências gerais do currículo;
 
Planificar o desenvolvimento das actividades a realizar com os alunos em contexto de sala de aula, adoptando estratégias de diferenciação pedagógica que favoreçam as aprendizagens;
 
Preparar informação relativa ao processo de aprendizagem e à avaliação dos alunos, para disponibilizar aos pais.
 
 
 
CONSELHO DE TURMA DE NATUREZA DISCIPLINAR:
 
Avalia procedimentos disciplinares e, quando necessário, aplica as sanções previstas no regulamento interno, de acordo com o Estatuto dos Direitos e Deveres dos Alunos
 
 
 
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DELEGADOS DE TURMA:
 
 
 
É eleito, no início de cada ano lectivo, em reunião convocada pelo respectivo director de turma e em que devem participar todos os Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Turma;
 
Participa em todas as reuniões do conselho de turma, à excepção das que se destinam exclusivamente à avaliação sumativa dos alunos.
 
 
 
 
 
 
 
 

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por Escola Qtª Morgados às 17:37

INADEQUAÇÃO DO ADULTO - CRIANÇA INTERIOR

Terça-feira, 06.03.07
 
 
 CRIANÇA INTERIOR
Quando uma criança nasce, a alegria irrompe no lar. Ela traz consigo uma tendência natural para só transmitir amor. Quando sorri toda a gente sorri e quando chora já ninguém sabe o que fazer. Todos estão prontos a ocorrer para satisfazer a mínima necessidade que ela pareça ter. É como um milagre. Tudo lhe é provido sem que tenha que articular uma só palavra.
Que se passou, entretanto? Porque é que quando crescemos, olhamos ao nosso redor e vemos que esse poder desapareceu?
Aprendemos a olhar para o mundo com antagonismo e individualismo. Aprendemos o significado de maldade, culpa, limitação e morte. O amor é aquilo com que nascemos. O medo é o que aprendemos aqui. Renunciar ao medo é o objectivo principal desta viagem a que chamamos vida. Viver uma vida sem conhecer o amor é condenar-se ao sofrimento e à depressão.
Muitas crianças em todo o mundo cresceram e tornaram-se adultas fisicamente mas não emocionalmente. São o resultado do abandono e de todo o tipo de abusos durante a infância. A negligência no atendimento das suas necessidades de afecto, carinho e apoio impediram o desenvolvimento de uma infância saudável. São o resultado de um ambiente familiar desequilibrado.
Quando uma infância não é saudavelmente desenvolvida, isto é quando não são satisfeitas as suas necessidades psicológicas essenciais existirá um desenvolvimento físico normal mas, inevitavelmente, esse ser agora adulto sentirá no seu interior uma criança que, psicologicamente, continuará ferida e abandonada. Emocionalmente sentir-se-á uma criança num corpo de adulto. Será uma pessoa caracteristicamente agressiva e extremamente insegura embora com um coração peno de amor que nunca foi despejado por não ter com quem o trocar. Está bloqueado. Por isso não sente alegria nem sabe brincar. Leva tudo a sério.
Quando pergunto a um desses adultos como foi a sua relação com os pais, a sua expressão até ali dura, transforma-se numa expressão de surpresa e os seus olhos humedecem-se. Cai a máscara. Sentem-se envergonhados. Muitas pessoas choram. Algumas não o faziam desde crianças. Depois sentem-se melhor.
Aquilo que compõe o conhecimento que temos de cada um de nós, ou seja aquilo que queremos significar quando dizemos "eu sou…" é o nosso conceito interno. Ele forma-se com os nossos primeiros sentimentos, crenças e memórias.
É o filtro através do qual passarão as novas experiências. Por isso imagine-se como é importante uma infância saudável. Isso explica porque existem pessoas que escolhem continuamente o mesmo tipo de relação amorosa destrutiva; é também a razão pela qual para alguns a vida é uma repetição de uma série de traumas; a razão porque é que não conseguem aprender com os próprios erros. Freud chamou a esta insistência "o impulso da repetição". Alice Miller, chamou-a de " lógica do absurdo".
Por isso é fundamental compreender que se sentirmos que a nossa vida está carregada de problemas que parecem repetir-se, isso deve-se ao nosso conceito interno e que se a queremos mudar teremos que analisar o nosso "eu" , a nossa criança-interior que o compõe e trabalhar nela. Ajudá-la a desfazer os medos, e garantir-lhe que já ninguém lhe poderá fazer mal. Já é adulta e poderá defender-se.
Um exemplo do aparecimento da nossa criança-interior feliz é quando nos rimos às gargalhadas e quando somos criativos e expontâneos. A criança-interior ferida aparece quando fazemos más-caras, mentimos ou fazemos birras. O melhor exemplo da criança-interior irritada é-nos dado por John Bradshaw: " quando nos recusamos a atravessar um semáforo vermelho mesmo sabendo que ele está avariado, que não há mais ninguém à nossa volta e que nada pode acontecer de errado".
As crianças que têm uma infância reprimida tornam-se adultos pensando que o mundo lhes é hostil e que têm de defender-se dele. Para eles este é um mundo perigoso e ameaçador. Assim foi o seu ambiente familiar
Quando nascemos, os primeiras rostos que vemos e que aprendemos a reconhecer com alegria, são os dos nossos pais. Como é bom sentir o peito cálido da nossa mãe quando nos dá de mamar ou nos aconchega no seu colo. Sentir a batida familiar do coração que nos acompanhou durante tantos meses. Como é bom ouvir a sua voz doce que nos embala para adormecer. Como é seguro sentir os braços fortes do nosso pai que nos abraça e nos defende, que nos levanta e nos anima quando caímos. Em quem poderíamos confiar mais? Lavam-nos, mudam-nos as fraldas, dão-nos de comer e ensinam-nos a andar e a falar. Tínhamos alternativa?
Que pensará uma criança quando vê aqueles em quem ela mais confiava, espancarem-na, envergonharem-na, humilharem-na, abandonarem-na, e às vezes, em situações mais deploráveis, roubarem-lhes a própria vida.
Muitos pais são vitimas de vitimas. Não podem dar o que não receberam. Era a informação que tinham. São adultos apenas fisicamente. Não cresceram psicologicamente e vivem apavorados nesse papel.
Imaginem por um momento o vosso pai com três anos de idade. Vejam-no com as lágrimas correndo pelo pequeno rosto, percorrendo os cantos da casa à procura de alguém que o ouça porque se magoou ou porque simplesmente procura a mãe que não encontra porque ela o deixou sozinho para ir trabalhar. Intuitivamente não compreende como pode ser tão diferente a realidade que experimentou no interior do ventre da sua mãe e esta realidade que lhe proporcionam agora. Ele não pediu para nascer. Ninguém o ouve. Muitas vezes, quando quer chamar a atenção batem-lhe para que se cale. Vai para a cama sem uma história de embalar. Não bebe o leite morno para aconchegar. Ninguém lhe ajeita as roupas da cama. Ninguém brinca com ele em casa. Não se dirige às pessoas em quem mais confia porque parece que cada vez que o tenta fazer, elas ficam zangadas com ele e até lhe batem para que não as incomode. Aprende a reprimir para sobreviver. Parecem culpá-lo de tudo o que se passa na casa. Da falta de dinheiro, de não poderem ir ao cinema ou à festa que desejavam ir. É um empecilho. Os filhos dos vizinhos são sempre mais inteligentes e bem comportados do que ele. É o que lhe dizem repetidamente. Se este fosse o seu pai como poderia considerá-lo culpado?
Uma criança neste ambiente acaba por considerar-se alguém horrível. Cria por isso um conceito interno que a faz envergonhar-se e preferir o isolamento. Não quer que os outros descubram o quão horrível é. Cria um falso "eu". E é esse "eu" que lhe permitirá sobreviver no tal mundo hostil que a rodeia. Cria uma fachada. Aprende que fazer má cara afasta os indesejáveis. Era assim que o seu pai fazia. Quando algo não corre como ela quer, grita ou bate. São regressões expontâneas. Foi isso que viu fazer na infância. À mínima contrariedade desiste. Não tem confiança nela própria porque não lhe foi possível incorporar essa característica no seu auto-conceito .
Abandona facilmente. Provavelmente porque também alguma vez terá sido abandonado.
Perante contrariedades ou confrontos engole a raiva e toma a única atitude que lhe permitiram ter quando era criança : castigar os adultos com a retirada. Nada mais podia fazer. E amua. Nunca teve a oportunidade de sentir o apoio forte e amigável do pai. Não foi apoiada no inicio da sua caminhada. Por isso todos são seus inimigos. Na idade adulta a esposa substitui a mãe que emocionalmente não teve. Não tem um circulo de amigos porque tem medo de se expor. Tem medo que descubram tudo de mau que ele é. A verdade é que se ele fosse bom os pais não lhe teriam batido, nem lhe teriam dito aquelas coisas horríveis, pensa.
Eles disseram-lhe, vezes sem conta, que não havia nada que ele fizesse bem. Que não estudava o suficiente. Que não era capaz e que por isso nada merecia. Ele pensa então que, se as outras pessoas souberem como ele é realmente, irão também abandoná-lo ou agredi-lo. Foi assim que aconteceu com os seus pais. E querem evitar essa dor de novo. Querem evitar mais uma desilusão. É doloroso. Preferem por isso o seu mundo privado. Assim ninguém os decepcionará. Tornam-se obsessivamente controladores. Controlam tudo porque: "se eu controlar tudo ninguém me poderá apanhar desprevenido e magoar-me".
Penso ser importante frisar esta matéria porque cada vez mais existe uma tendência na sociedade moderna a menosprezar a importância que este fenómeno tem na explicação da depressão e no aparecimento da doença física. Vivemos numa época e adoptamos um modo de vida que é propício a negligenciar a infância dos nossos filhos que, se não tiverem a oportunidade de ter uma infância apoiada, experimentarão um sem número de conflitos em todas as áreas da sua vida adulta. Geram-se assim comportamentos compulsivos que geram alcoólicos, pesados fumadores, obsessão sexual, sucessivos divórcios, etc….
Hitler foi espancado continuamente na sua infância, foi humilhado e envergonhado de forma perniciosa por um pai sádico que era um filho bastardo de um cabo judeu. Veja-se como ele usou a crueldade que usaram consigo contra milhões de inocentes.
Como já foi dito, uma outra característica comum nestas pessoas é uma adição ou compulsão. A criança-interior ferida é a causa principal de todas as adições. Se o pai era alcoólico e o abandonou física e emocionalmente quando criança, ele não sabe como comportar-se como pensa que um homem se deve comportar. Bebe e fuma para demonstrar que é um homem. Mas fá-lo por imitação, sem confiança. Poderá ter outras adições como o sexo, o jogo e os rituais religiosos.
A nossa criança-interior ferida pede que a cuidemos. Quer atenção. Que brinquemos com ela. Que lhe demos segurança porque ela sente-se assustada. E, enquanto não for feito um trabalho de recuperação da nossa criança-interior, levando-a a um crescimento saudável, as nossas vidas serão muito dolorosas e carregadas de solidão e amargura. Uma criança-interior revoltada pode ser bastante caprichosa e tornar-nos a vida num inferno.
Os nossos pais não são culpados. Eles comportaram-se de acordo com a informação que possuíam. Eles também eram vítimas. Não lhes ensinaram mais. Compreender este processo é perdoar. É desvalorizar. A nossa vida muda drasticamente quando abraçamos aqueles que tememos. Então percebemos que dentro dessa mascara que durante tantos anos nos assustou, afinal estava apenas uma criança tão assustada como nós. Tinham esse aspecto apenas para se protegerem. Eles não sabiam fazer melhor pois ninguém lhes ensinou. A sua fúria era proporcional ao medo que sentiam. Então em vez de castigá-los podemos ampará-los e libertá-los da culpa que afinal nunca tiveram.
Uma vez recuperada e cuidada a nossa criança- interior, a energia criativa que lhe é natural começa a surgir nas nossas vidas. Uma vez bem integrada, ela é uma fonte de regeneração e de nova vitalidade. Carl Jung chamou à criança natural "criança maravilhosa", o nosso potencial nato de exploração, admiração e criatividade. Essa criança-interior aparece naturalmente quando nos encontramos com um velho amigo, quando nos rimos às gargalhadas, quando somos criativos e expontâneos, quando nos extasiamos perante uma paisagem maravilhosa.
Trabalhar com a nossa criança-interior é a forma mais rápida de efectuar mudanças nas pessoas. É um processo que permite uma transformação verdadeira e duradoura.
Devemos pois analisar-nos e dedicar-nos todos os dias uma parte do nosso tempo. Muitas vezes pergunto à minha criança-interior onde é que lhe apetece ir e levo-a lá. Muitas vezes apetece-lhe ir ao cinema e levo-a. Apetece-lhe ver as outras crianças a brincar num parque e vou até lá. Outras vezes quer que eu lhe compre um gelado e eu compro-lho. Pergunto-lhe também muitas vezes, porque está triste. E ela responde-me que gostaria de se divertir, então eu levo-a a ver uma boa comédia no cinema.
Muitas das mudanças que gostaríamos de ver nas nossas vidas e na maneira como a percepcionamos estão ao nosso alcance desde que atendamos à criança que todos levamos dentro de nós."....
Cumprimentos
Fernanda
 
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por Escola Qtª Morgados às 22:10